quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Etimologia das Vitórias Fáceis

Por Roberto Cruz.

Nas competições de enxadrismo é muito frequente o uso da expressão "ganhar por W.O." significando aquela vitória que é obtida em virtude da ausência do enxadrista oponente. Normalmente nas competições oficiais, o enxadrista que está presente ainda tem que aguardar por uma longa hora até que a vitória por W.O. se concretize. Mas qual é a origem desta sigla? Procurei em vão no excelente Dicionário Houassis eletrônico, que me retornou com a mensagem "verbete não existe". Tentei no meu pequeno Oxford Dictionary em papel e, para meu desapontamento, também não encontrei a sigla. Por algum motivo, acabei não procurando no Google à época...
Esta semana acabei descobrindo por acaso a etimologia da expressão em uma nota da interessante publicação RioNet:

"A sigla W.O é a abreviação da palavra em inglês walkover. Significa alguma coisa que foi conseguida muito fácil, sem nenhum esforço. Quando numa partida esportiva, um dos times não aparece, ou não tem representantes suficientes para disputar, o adversário vence automaticamente. A vitória conseguida sem que os times tenham jogado é conhecida pela sigla."

Após ler a nota, consultei novamente o Oxford e lá estava o significado de walkover em apenas meia linha: "an easy victory". Simples assim.


Problema da Semana

Este é o problema nº 16 do Imagination in Chess, de Locock.
As brancas jogam e ganham. Mate em 3 lances.




Selecionar o espaço vazio abaixo para visualizar a resposta.
Solução do problema: [Tf8+ (Se 1...Rg7, então 2.Bh6#) 1...Cxf8 2.Bf6+ Rg8 3.Ch6#]

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Jogo da Vida


Por Roberto Cruz.

Um dos vídeos mais inspiradores e completos dos últimos tempos sobre a Arte de Caíssa é "O Jogo da Vida", um documentário do SporTV Repórter que mostra os benefícios do ensino e da prática do xadrez em diversas comunidades. O repórter Luís Roberto foi às mais distantes regiões do país para mostrar como o enxadrismo está sendo utilizado para mudar a vida das pessoas.

Nas escolas públicas de Belém, é mostrado como o enxadrismo aumenta o interesse dos alunos pelos estudos e como pode ser utilizado para pacificar e educar os estudantes mais rebeldes. Nas casas de detenção, serve para educar os menores infratores e controlar a agressividade, ensinando-os a serem mais pacientes e ponderados em suas atitudes.

Um dos casos mais curiosos é o da tribo dos Tembé do Pará, contando como, em 2008, o professor Mário Cardoso introduziu o esporte intelectual que conquistou os índios de tradição guerreira, vindo a tornar-se a primeira aldeia de enxadristas do país. Uma pesquisa mostrou que, no ensino fundamental, a média escolar geral entre os Tembé aumentou em 22%, após a implantação da prática de xadrez na comunidade.

Cardoso é também o responsável pelo ensino do xadrez aos jovens estudantes paraenses e entre os adolescentes infratores. A premissa que orienta o seu trabalho é que "o xadrez não é mais um esporte da elite, foi feito para todo mundo", o que é uma grande verdade em nossos dias.

O caso mais comovente é o enxadrismo para crianças com câncer, como um estímulo e metáfora da luta dos meninos e meninas contra a enfermidade. O xadrez ajuda as criança a compreenderem melhor o seu processo de cura e a não rejeitarem os procedimentos médicos necessários, mas pouco agradáveis.

Temos ainda o enxadrismo praticado pelo deficientes visuais que disputam suas partidas e torneios com tabuleiros e peças especiais. O destaque é do enxadrista itapecericano Roberto Hengels que ficou cego após uma tentativa de assalto ao táxi de seu pai, mas que, com persistência e determinação, voltou a jogar xadrez, conquistando a medalha de ouro com a melhor performance individual na XIII Olimpíada para Deficientes Visuais, realizada em 2008 na cidade de Creta, Grécia.

Em Cuba, o documentário mostra como o enxadrismo ajuda a todos os demais esportes, ensinando conceitos fundamentais de tática e estratégia aos atletas, além da existência de um forte projeto de xadrez escolar cubano. No Brasil, o enxadrismo está sendo ensinado aos jovens jogadores de futebol, procurando melhorar o seu desempenho em campo por meio das lições aprendidas nos tabuleiros.

Há ainda diversos depoimentos de pesquisadores e educadores mostrando os benefícios da prática salutar do xadrez sobre a mente humana, dentre eles o matemático Antônio Villar Marques de Sá, considerado uma das maiores autoridades do ensino de xadrez no país e coautor da notável Cartilha de Xadrez, um manual de enxadrismo publicado pelo Ministério do Esporte e que é distribuído nas escolas públicas brasileiras; e o neurologista e neurocirurgião Ítalo Venturelli, que é um especialista no estudo dos efeitos do enxadrismo no cérebro humano.

No artigo do jornalista e mestre de xadrez Herbert Carvalho sobre a importante função psicopedagógica do enxadrismo, o doutor Ítalo Venturelli, que também faz palestras sobre o assunto em todo o país, recomenda a prática do xadrez para crianças com dificuldades de aprendizado. Segundo ele, os benefícios se estendem muito além da vida acadêmica ou do êxito profissional, “o xadrez é um exercício mental que ajuda a prevenir doenças degenerativas do cérebro, como o Mal de Alzheimer".


Documentário:

Para saber mais:


Problema da Semana

Este é o problema nº 7 do Imagination in Chess, de Locock.
As brancas jogam e ganham. Mate em 2 lances.





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Solução do problema: [Dh5! (Se 1...gxh5, então 2.Bh7#; Se 1...Dxg5, então 2.Dh8#; para qualquer outra resposta das negras, temos mate em 2.Dh7 ou 2.Dh8.)]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Biblioteca Christiano Lyra


Por Roberto Cruz.

Assim como os antigos filósofos contaram com a preciosa ajuda da Biblioteca de Alexandria para impulsionar suas atividades culturais e científicas na aurora da civilização, os enxadristas brasilianos também necessitam de boas bibliotecas de enxadrismo para ampliar os seus saberes na Arte de Caíssa.

Na condição de uma das melhores bibliotecas temáticas do país, temos a Biblioteca de Xadrez Christiano Lyra, fundada no ano de 1990 pelo ex-governador e entusiasta do enxadrismo Miguel Arraes, com um acervo de mais de 3.000 obras raras e contemporâneas disponíveis ao público. Pertencendo à Secretaria de Esportes de Pernambuco, a biblioteca atualmente é administrada pelo vice-presidente da Confederação Brasileira de Xadrez, o Mestre FIDE Marco Asfora.

A biblioteca está localizada em Recife, no Centro de Educação Física Santos Dumont desde 1996. Antes disso, funcionava na Casa da Cultura.

Em 10 de junho, ocorreu o esperado lançamento do site da biblioteca no auditório da representação do Banco Central em Recife, em solenidade promovida pela ASBAC/PE - Associação dos Funcionários do Banco Central do Brasil, com a presença do seu diretor Joaquim Pinheiro, do MF Marco Asfora, de Dona Madalena Arraes, viúva de Miguel Arraes, do bicampeão nacional e Mestre Internacional Alexandru Segal, de diretores, diretoras e representantes das escolas públicas que participam do Projeto Xadrez na Escola e de servidores do Bacen. O lançamento do site coincide com o projeto de digitalização das obras raras da biblioteca, que permitirá aos enxadristas de qualquer parte do mundo o acesso ao seu acervo.

A cerimônia, que foi aberta com discurso de Joaquim Pinheiro, teve uma interessante palestra com o Professor Valésio Pinto sobre como foi desenvolvido o site e como será o projeto de digitalização de livros. Valésio é o conhecido autor de Xadrez para Todos, o primeiro manual de xadrez com lições em prosa e versos de cordel. O evento foi finalizado por Marco Asfora, um dos maiores divulgadores do enxadrismo em terras norte-nordestinas.

Durante a palestra foi apresentado o original e a versão digital do livro sobre problemas de xadrez Imagination in Chess, de Locock, uma raridade impressa na Inglaterra e a primeira peça do acervo da biblioteca a ser digitalizada.


Leitura recomendada:

  • Xadrez para Todos, de Valésio Pinto.
  • Imagination in Chess, de Charles Locock.


Para saber mais:
  • Site da Biblioteca Christiano Lyra.
  • Site do Projeto Gutenberg, um abrangente acervo de livros digitais criado por voluntários, incluindo livros raros de xadrez.
  • Site da moderna Biblioteca de Alexandria.
  • Página do projeto da Biblioteca Nacional de Xadrez, com acervo de 300 livros.


Problema da Semana

Este é o primeiro problema do livro digital Imagination in Chess.
As brancas jogam e ganham. Mate em 2 lances.


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Solução do problema: [1.De4+ (Se 2...Rxe4, então 2.Te6#; Se 2...Txe4, então 2.Cd3#)]