Por Roberto Cruz.
Um dos vídeos mais inspiradores e completos dos últimos tempos sobre a Arte de Caíssa é "O Jogo da Vida", um documentário do SporTV Repórter que mostra os benefícios do ensino e da prática do xadrez em diversas comunidades. O repórter Luís Roberto foi às mais distantes regiões do país para mostrar como o enxadrismo está sendo utilizado para mudar a vida das pessoas.
Nas escolas públicas de Belém, é mostrado como o enxadrismo aumenta o interesse dos alunos pelos estudos e como pode ser utilizado para pacificar e educar os estudantes mais rebeldes. Nas casas de detenção, serve para educar os menores infratores e controlar a agressividade, ensinando-os a serem mais pacientes e ponderados em suas atitudes.
Um dos casos mais curiosos é o da tribo dos Tembé do Pará, contando como, em 2008, o professor Mário Cardoso introduziu o esporte intelectual que conquistou os índios de tradição guerreira, vindo a tornar-se a primeira aldeia de enxadristas do país. Uma pesquisa mostrou que, no ensino fundamental, a média escolar geral entre os Tembé aumentou em 22%, após a implantação da prática de xadrez na comunidade.
Cardoso é também o responsável pelo ensino do xadrez aos jovens estudantes paraenses e entre os adolescentes infratores. A premissa que orienta o seu trabalho é que "o xadrez não é mais um esporte da elite, foi feito para todo mundo", o que é uma grande verdade em nossos dias.
O caso mais comovente é o enxadrismo para crianças com câncer, como um estímulo e metáfora da luta dos meninos e meninas contra a enfermidade. O xadrez ajuda as criança a compreenderem melhor o seu processo de cura e a não rejeitarem os procedimentos médicos necessários, mas pouco agradáveis.
Temos ainda o enxadrismo praticado pelo deficientes visuais que disputam suas partidas e torneios com tabuleiros e peças especiais. O destaque é do enxadrista itapecericano Roberto Hengels que ficou cego após uma tentativa de assalto ao táxi de seu pai, mas que, com persistência e determinação, voltou a jogar xadrez, conquistando a medalha de ouro com a melhor performance individual na XIII Olimpíada para Deficientes Visuais, realizada em 2008 na cidade de Creta, Grécia.
Em Cuba, o documentário mostra como o enxadrismo ajuda a todos os demais esportes, ensinando conceitos fundamentais de tática e estratégia aos atletas, além da existência de um forte projeto de xadrez escolar cubano. No Brasil, o enxadrismo está sendo ensinado aos jovens jogadores de futebol, procurando melhorar o seu desempenho em campo por meio das lições aprendidas nos tabuleiros.
Há ainda diversos depoimentos de pesquisadores e educadores mostrando os benefícios da prática salutar do xadrez sobre a mente humana, dentre eles o matemático Antônio Villar Marques de Sá, considerado uma das maiores autoridades do ensino de xadrez no país e coautor da notável Cartilha de Xadrez, um manual de enxadrismo publicado pelo Ministério do Esporte e que é distribuído nas escolas públicas brasileiras; e o neurologista e neurocirurgião Ítalo Venturelli, que é um especialista no estudo dos efeitos do enxadrismo no cérebro humano.
No artigo do jornalista e mestre de xadrez Herbert Carvalho sobre a importante função psicopedagógica do enxadrismo, o doutor Ítalo Venturelli, que também faz palestras sobre o assunto em todo o país, recomenda a prática do xadrez para crianças com dificuldades de aprendizado. Segundo ele, os benefícios se estendem muito além da vida acadêmica ou do êxito profissional, “o xadrez é um exercício mental que ajuda a prevenir doenças degenerativas do cérebro, como o Mal de Alzheimer".
Documentário:
- Xadrez, o jogo da vida, por Luís Roberto (SporTV Repórter)
Para saber mais:
- Xadrez na escola pública muda vida de alunos (JC Online)
- Jogo de xadrez melhora rendimento de jovens em aldeia indígena no Pará (Globo)
- Xadrez pode ajudar crianças hiperativas (Estadão)
- Benefícios do Xadrez Escolar (Colégio Santa Catarina)
- Professores utilizam o jogo de xadrez como ferramenta pedagógica (SESC-SP)
Problema da Semana
Este é o problema nº 7 do Imagination in Chess, de Locock.
As brancas jogam e ganham. Mate em 2 lances.
Selecionar o espaço vazio abaixo para visualizar a resposta.
Solução do problema: [Dh5! (Se 1...gxh5, então 2.Bh7#; Se 1...Dxg5, então 2.Dh8#; para qualquer outra resposta das negras, temos mate em 2.Dh7 ou 2.Dh8.)]